Ilíada (725 a.C.), Homero


Passada de boca em boca de geração à geração, a Ilíada de Homero resistiu ao tempo e se tornou o texto literário mais antigo da literatura ocidental e talvez o mais conhecido. Um texto completo, mais velho que a escrita grega, a servir de memória de um tempo em que a própria conservação da memória não estabeleceu seu espaço.

Se a Ilíada tem esse caráter historiográfico, determinando a literatura como o meio de se preservar um tempo para conhecimento e deleite das futuras gerações, também trás preceitos de forma e estilo até hoje indispensáveis, como a beleza de se criar a unidade temática, mais interessante do que papaguear a história toda a qual já todos conhecem.

Aristóteles em sua Poética já explicava que a Ilíada sobreviveu não por ser a mais antiga história contada estilisticamente, mas porque seu autor (Homero ou uma tradição que esse nome fixou) "descobriu" um modo homogêneo, belo e convincente de contar uma história una, bela e convincente.

Por seu estimado valor, este imenso poema épico ganhou enumeras cópias, traduções, adaptações e versões ao longo dos séculos. São versões cinematográficas bastante importantes La guerre de Troie (1961) de Giorgio Ferroni e Troy (2004) de Wolfgang Petersen, ambos retratando toda a história do mito e não a ira de Aquiles como o poema homérico, isto porque, diferentemente do texto clássico, estes filmes pretendiam atingir um público que pode não conhecer a história base (mito, fábula) por trás da narrativa ficcional.

Em língua portuguesa, a tradução mais elogiável é a de Haroldo de Campos, amante do texto clássico e poeta exemplar, ele se preocupou não só em traduzir o conteúdo como também em imitar a sua forma, transformando o hexâmetro datílico no nosso metro de ouro, o decassílabo heroico.

Indicação bibliográfica:
HOMERO. Ilíada. Texto bilíngue. Trad. de Haroldo de Campos; intro. e org. de Trajano Vieira. 2 volumes. São Paulo: Arx, 2003.
 

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