Nação Brasil, possível diálogo inter-artes (2009)


Curta-metragem Nação Brasil: possível diálogo inter-artes (2009),
de Edimara Lisboa


Argumento do filme

1. Tema: “Na-são, nações”; este filme faz parte de uma série de curtas proposta pela Profa. Dr. Fabiana Carelli Marquezini e exposta na Imagi-nações I Mostra de Cinema de Língua Portuguesa da FFLCH, de 01 a 03 de dezembro de 2009, na Letras USP.

2. Título: Nação Brasil, possível diálogo inter-artes

3. Indicações:
Ideia-base: Hegel[1], retomando Platão e Aristóteles, reformula a distinção entre os gêneros poéticos (épico, lírico e dramático) e percebe que o romance como epopeia burguesa moderna é um gênero enciclopédico que se alimenta dos outros anteriores. Quando pensamos na linguagem multissemiótica do cinema, somos tentados a estender a constatação hegeliana e arriscar ver o cinema como arte enciclopédica capaz de trabalhar com todas as outras (música, dança, pintura, escultura, teatro, literatura[2]). Por isso, nosso filme tentará trabalhar a construção da nacionalidade brasileira pondo em diálogo grandes nomes da nossa arte.
Enredo: Enquanto o olho da câmera caminha pelo quadro A Primeira Missa no Brasil (1861) de Victor Meirelles[3] (recortando-o para pouco a pouco o reconstruir), ouve-se o Choro no. 5, “Alma Brasileira”, (1925) de Villa Lobos (na interpretação de Sonia Rubinsky, 2003). Essa música tem dois momentos principais, um mais solene e outro bastante cômico. Na minha interpretação, o segundo momento parodia o primeiro. Enquanto o primeiro momento da música avança, uma voz over masculina madura recita a “Canção do exílio”, em Primeiros cantos (1847), de Gonçalves Dias. Durante o segundo momento, uma voz over feminina jovem recita a “Canção do Exílio”, em Poemas (1925-1931), de Murilo Mendes.
Personagens: voz over masculina de Jorge Duppong e voz over feminina de Elaine Lisboa.
Tempo: a nação Brasil em meados do século XIX (pelo olhar de artistas românticos) e a nação Brasil do início do século XX (pelo olhar de artistas modernos). Esses momentos, provavelmente os mais emblemáticos para discutir a questão da nacionalidade brasileira, se interpenetrarão para, quem sabe, destingirem-se um do outro.
Espaço: as várias pequenas cenas retiradas da pintura de Victor Meirelles.
Foco narrativo: a câmera em constante movimento conduzirá um olhar analítico pelo quadro, procurando tornar salientes as cenas que nos parecem mais significativas: como “a arca do tesouro” no centro da pintura, por exemplo.

4. Questão principal: Para mim, o que é nação?
A nação pela qual me interesso aqui é a nação brasileira que nossa arte tentou construir. Colocando alguns dos mais conhecidos artistas nacionais em diálogo direto, mediado obviamente pela nossa reflexão sobre os trabalhos escolhidos, queremos experimentar a capacidade de construção linguística multissemiótica do cinema: se ela poderá transformar em um discurso uno formas de expressão particulares.

5. Abordagem: Poética; Analítica; Experimental.

6. Duração: 4min56s

7. Base teórica:
ANDERSON, Benedict. “Introdução”; “Raízes culturais”. In: Comunidades imaginadas. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
Define nação como “uma comunidade política imaginada – e imaginada como sendo intrinsecamente limitada e, ao mesmo tempo soberana” (p.32), para em seguida dar exemplos de como a ideia de nação é construída, sendo resultado de uma criação imaginária a partir da representação da realidade imaginada por meio da arte, da religião, do jornal. E, por isso, legitima essa nossa busca pela ideia de nação brasileira nas obras de artes.
BOSI, Alfredo. “Colônia, culto e cultura”. In: Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
Explica o processo de colonização praticado desde a antiguidade e levado às últimas consequências pelas práticas expansionistas europeias a partir do levantamento filológico dos três cs a ele ligados: colônia, culto e cultura. Ajudando-nos a entender melhor como a ideia de nação brasileira pôde ser construída pela arte.


[1] HEGEL, Georg W.F. Esthétique; la poésie. Paris, Aubier-Montaigne, 1965.
[2] CANUDO, Ricciotto. “Manifeste des Sept Arts”, In: Carré d'Art. Paris: Séguier, 1923. Trata-se da reformulação moderna das seis artes levantadas por Hegel na Esthétique (arquitetura, escultura, pintura, música, dança, poesia).
[3] Esta escolha não é a definitiva, vai depender das possibilidades de filmagem. Pensei também em contrapor um quadro de José Teófilo de Jesus a um de Candido Portinari, ou filmar esculturas. Por fim, optei por filmar o Monumento à independência do Brasil (1884) de Ettore Ximenes e Manfredo Manfredi.


Um comentário:

  1. Olá, mto legal o vídeo e a sua idéia em questão!
    Estou em ano de conclusão de curso de História, e estou tentando fazer um tcc sobre a construção da nossa nação através da arte!
    E seu blog ja esta me ajudando, vou pegar a dica de sua base téorica, estava procurando realmente um livro que falasse sobre...

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